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ENTREVISTA: RENNAN INÁCIO RITA

Rennan Inácio Rita teve as primeiras experiências no setor da construção imobiliária em 2015. De lá para cá conheceu o sistema construtivo com madeira, abriu a própria empresa e está otimista com as possibilidades para o segmento no Brasil.

 

Confira a entrevista:

Como você entrou para o setor de construção com madeira?

Em 2015 participei de um programa com entrega de casas populares. Na época entregamos mais de 200 casas em Santa Catarina e ninguém falava que era “construção modular”, mas na verdade já era. A casa tinha uma estrutura de aço galvalume, feita com paredes autoportantes em aço, com espuma expansiva dentro da parede.

Com o aumento do preço do aço o programa praticamente se tornou inviável pois o custo das casas triplicou em quatro anos. Em uma viagem de trabalho aos Estados Unidos conhecemos o sistema wood frame. Nesta viagem visitamos um condomínio de 400 casas aproximadamente, executadas numa velocidade incrível, com baixíssima geração de resíduos e com um alto padrão de acabamento. Todas feitas com estrutura de madeira.

Após fazer um curso de wood frame em Carazinho, no Rio Grande do Sul, decidi construir minha própria casa. Foi incrível, duas estruturas de 50m² construídas em 40 dias.

A partir daí as oportunidades começaram a surgir, abrimos uma escola voltada à capacitação de mão de obra e começamos a ministrar cursos de wood frame na Região Sul. Aprofundei meus estudos no mercado imobiliário e decidi abrir a primeira incorporadora do Brasil a construir exclusivamente com madeira.

 

Quais os principais projetos desenvolvidos pela sua empresa?

Nosso primeiro projeto foi o mais importante para perceber que estávamos no caminho certo. Projetamos uma casa que foi vendida com menos de 45 dias de execução de obras. Hoje temos um projeto de um condomínio de casas de alto padrão e um prédio de dois pavimentos, com 27 apartamentos, em aprovação e mais um condomínio de 11 casas de alto padrão em Urubici/SC.

Estamos participando da elaboração de um projeto com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 800 milhões, no litoral norte catarinense. Ele está voltado à construção convencional, mas estamos tentando sensibilizar o investidor a optar por paredes de wood frame.

 

Como avalia a perspectiva para este mercado?

O mercado ainda não acordou para o real potencial da madeira. Já temos diversas iniciativas em prol da construção em madeira, mas ainda prevalece, na grande maioria da população, aquele preconceito, que vêm das nossas histórias de infância, como por exemplo o Lobo Mau soprando a casa de madeira dos Três Porquinhos.

A verdade é que a madeira é sustentável, a construção em madeira é extremamente eficiente, tanto térmica quanto acusticamente, tem uma exatidão orçamentária invejável. Ela possui infinitas possibilidades de acabamento e é mais leve que a alvenaria. A construção é pelo menos 30% mais rápida do que a alvenaria, podendo ultrapassar os 60%, se a obra for bem gerida. Outro ponto positivo é que gera até 80% menos resíduos do que a construção convencional e tem um custo de manutenção 50% menor do que a alvenaria. Com certeza temos uma perspectiva muito otimista para este mercado.

 

Qual são as principais matérias-primas utilizadas pela empresa?

A principal matéria-prima deste mercado é a madeira, onde predomina o pinus e o eucalipto. Deles são feitas tanto a madeira serrada quanto a madeira engenheirada (MLC, CLT, LVL), plywoods, que hoje pode substituir a placa OSB (Oriented Strand Board). Os pregos são anelados e com tratamento organometálico.

 

Em que pontos o segmento ainda precisa avançar?

A começar pela capacitação profissional nas universidades. Em seguida, pensar na capacitação da mão de obra, desenvolver iniciativas em nível municipal, estadual e regional, para entender que a construção com madeira é uma excelente solução para o problema de moradia que o País enfrenta e que enfrentará por um bom tempo.

Penso que ainda falta informação de qualidade para podermos subsidiar a escolha de qualquer cidadão sobre qual material escolher para a construção de sua casa. Precisamos entender que a época do Brasil extrativista foi há 500 anos, onde permitimos a extração de praticamente 100% do pau-brasil de nosso país. Hoje, já percebemos que o aquecimento global é realidade, as geleiras estão derretendo cada vez mais rápido, chuvas se tornando cada vez mais torrenciais, inundações cada vez mais frequentes e indústria da construção civil é responsável por quase 40% de emissão dos gases do efeito estuda. Não há nada mais barato do que plantar árvores para sequestrar esse CO2 gerado pela construção. Então precisamos discutir, entender e seguir um caminho melhor para que possamos deixar um futuro melhor para as próximas gerações.

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