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ENTREVISTA COM DANIEL WOISKI, DIRETOR-GERAL DA SOLIDA BRASIL MADEIRAS

Como estão divididos os volumes de produção e vendas da empresa atualmente?

Hoje temos um volume médio mensal de 250 containers alocados, principalmente entre molduras para construção civil, madeira serrada e pellets, que respondem por nossos maiores percentuais de produção. Cerca de 75% são destinados à exportação e o restante ao mercado doméstico. O maior mercado hoje são os Estados Unidos, com 60% das exportações, e o restante se divide entre Europa, Ásia, Oriente Médio e América Central. Os percentuais mudam conforme as condições de cada mercado, uma vez que a empresa procura manter a flexibilidade como uma de suas maiores fortalezas estratégicas.

 

Como está a disponibilidade de matéria-prima no mercado? É possível manter a produção neste nível pelos próximos anos?

Os estoques variam muito conforme a região em que as indústrias estão instaladas, devido à competição pelo tipo de fibra (principalmente com indústrias de celulose e papel) e culturas concorrentes (soja, por exemplo). Nossa indústria consome somente madeira reflorestada de pinus e temos estrategicamente 100% do volume hoje oriundo do mesmo grupo econômico, ou seja, pouquíssima exposição às condições adversas de mercado. Obviamente, isso nem sempre foi assim ao longo do tempo, sendo que a ideia é sempre buscar a máxima rentabilidade de cada perfil de operação (industrial e florestal). Isso significa que tendo oportunidades pontuais, essa condição pode ser alterada rapidamente, se houver justificativa econômica e estratégica.

 

Como avalia a atual situação do mercado global para produtos de madeira serrada?

Atualmente, os mercados de madeira ainda sofrem os impactos pós-pandemia, sendo que as cadeias de suprimento ainda não estão totalmente alinhadas em termos de custos e inventários. Cada negócio de madeira apresenta sua particularidade e, especificamente no caso do Brasil, os custos locais não acompanharam a queda dos preços em nível mundial. Ou seja, perdemos muita competitividade enquanto país. Adicionando a essa complexa equação os novos entrantes em busca de lucro imediato durante a pandemia e o descompasso na situação logística mundial, ainda cabem ajustes significativos para podermos considerar que o mercado voltou a uma normalidade.

 

Na sua visão, quais são as expectativas do mercado para os próximos anos? Vê tendências diferentes em diferentes mercados consumidores?

O mercado que mais impulsiona em volumes a produção de madeira bruta mundialmente é dos Estados Unidos e, portanto, as condições macroeconômicas lá tendem a reger o comportamento em nível mundial. Uma queda dos juros americanos aqueceria fortemente esse mercado, criando oportunidades interessantes para a maioria dos negócios de madeira, com menos expressão na celulose que se baliza em variáveis distintas. É difícil precisar o quanto isso pode impactar o mercado global, mas a pandemia foi um bom exemplo do potencial de alterações nesse cenário. Fato é que existe um déficit habitacional represado em nível mundial e uma vez que o consumidor tenha confiança renovada e condições favoráveis, grandes oportunidades surgirão.

 

Como avalia as possibilidades para produtos de madeira inovadores?

Acredito que a próxima grande mudança será na consolidação da construção civil, focada em madeira, a exemplo do que já ocorre em vários países, mais fortemente na Europa. Seja no “wood frame” para construções leves ou em “mass timber”, são alternativas muito mais sustentáveis que, por exemplo, o modelo atual de construção que temos no Brasil. Ainda é um processo incipiente pelos mais diversos fatores, entre eles um preconceito equivocado quanto à durabilidade e qualidade desse modelo construtivo. Entretanto, os primeiros passos já estão sendo dados em nível institucional e acreditamos que com um esforço conjunto nas esferas pública e privada, essa será uma oportunidade relevante nos próximos anos, sempre que toda a cadeia produtiva esteja alinhada aos requerimentos desse modelo.

 

 

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